sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O Tigre

William Blake
(tradução Jorge Vaz de Carvalho)

Tigre Tigre, brilho em brasa,
Que a floresta à noite abrasa:
Que olho eterno ou mão podia,
Traçar-te a fera simetria?

Em que longe lema ou céus,
Arde o fogo de olhos teus?
Em que asas ousa ele ir?
Que mão ousa o fogo asir?

E qual ombro, e qual arte,
Pode os tendões do cor vergar-te?
Quando a bater teu cor se pôs,
Que atroz mão? que pé atroz?

Que martelo? qual o grilho,
Foi teu cér'bro em que fornilho?
Que bigorna? que atra garra,
Teu imortal terror amarra?

Quando estrelas dardejaram
E com seu pranto os céus molharam:
Sorriu vendo o feito o obreiro?
Quem fez a ti fez o cordeiro?

Tigre Tigre, brilho em brasa,
Que a floresta à noite abrasa:
Que olho eterno ou mão podia,
Ousar-te a fera simetria?

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