segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Solo para estrelas e poetas...

Fatima Dannemann

Noite...
Nada na rua...
nem um som,
somente estrelas num pedaço de céu
astros vadios vagando no universo
a flutuar serenas
numa dança cósmica...
Noite...
E um poeta solitário
sonha com o dia...
Estrelas brilham
serenas
como bailarinas num
pas-de-bourré cadenciado...
E o poeta teimoso
fala sobre flores...
Não importa se o mundo lá fora
está noir como um velho filme antigo...
Não importa se todos dormem,
a alma do poeta está sempre em estado de alerta.
E enquanto as estrelas brilham sossegadas,
o poeta tangencia as letras
como um arco a manejar um violino
num solo dolente, talvez triste.
Noite...
E não importa a hora.
Na alma do poeta,
alegre ou triste,
há sempre flores coloridas.
Mesmo que essas flores
sejam estrelas,
astros fugidios,
dançando no céu
como um corpo de baile
de uma dança cósmica.

Salvador, 15.5.2003