segunda-feira, 27 de março de 2017

A FESTA DO FEITIÇO


 Fatima Dannemann

              A bela adormecida já dormia há anos. Muita gente já nem se lembrava mais dela e a bruxa Malévola, autora da façanha resolveu dar uma festa para comemorar os 25 anos de sonhosda princesa. Claro, ninguém é de ferro, e como até o príncipe ir beijá-la ainda seria preciso esperar mais 75 anos, a fada má resolveu dar uma festinha para lembrar seu único feitiço que deu certo.
             Aliás, o único feitiço que ela fez na vida. Malévola nem era tão má como dizia seu nome. Era apenas intriga das três fadinhas, Fauna, Flora e Primavera, que tinham inveja do visual fashion da bruxa que foi de queixão ao batizado da princesa Aurora, e na falta de um presente melhor conjurou um feitiço ali mesmo.
             E funcionou. Deus sabe como. A bruxa até tinha esquecido da praga que jogou quando Aurora, mais curiosa do que nunca, resolveu futucar a roca de fiar e espetou o dedo no fuso e dormiu. Dizem que nem foi o feitiço. Há quem diga que a princesa desmaiou com a dor, e que o pessoal do castelo, mais superticioso que beato de igreja matriz, não foi acodir com medo da bruxa.
              Malevola viajou para as Bahamas antes do aniversário da princesa e só soube que o feitiço deu certo acessando a Internet... Epaa... Não tinha Internet no tempo da Bela Adormecida. Mas, bruxa que é bruxa é antenada, ou melhor, vassourada e caldeirãozada, e sabe de todos os fuxicos. Até a cor da cueca do marido de Cinderelana noite da lua de mel a bruxa sabia. E olhe que este é um detalhe insignificante.
                 Como não tiha o que fazer no reino de Aurora, ela foi ficando nas Bahamas, foi ser provadora de whisky na Escócia, vendedora de bumerangue na Austrália, esticou até o Tahiti e viu que se passaram 25 anos desde que a princesa dormiu. Voltou ao reino para ver o que tinha acontecido. Nadica de Nada. Ninguém beijava a princesa para quebrar o feitiço alegando o mau hálito que a princesa deveria ter depois de ficar sem escovar os dentes tanto tempo, e a inhaca de gambá por não tomar banho, nem trocar lençol,camisola, fronha, e etc.
                  A festa seria no castelo, na ala destinada a bruxas, plebeus e casos não esclarecidos a serem estudados. Na lista de convidados, o que há de mais fashion no mundo do faz de conta como os estilistas que desenharam o vestido de baile de cinderela e o designer da casa de chocolate de João e Maria. Os músicos de Bremen e o flautista de Hamelin animaram a festa com muito rock and roll. Mas, o barulho foi tanto que a princesa acordou antes mesmo do beijo do principe. No que ela desceu perguntando "quem sou eu?" naquela amnésia pós-sono prolongado, toda descabelada, todo mundo se assombrou pensando que era fantasma e até hoje tem caquinho de bruxa, designer e estilista em fuga pelos quatro cantos do reino.

domingo, 26 de março de 2017



O zen é tão simples que acaba sendo complicado. Segundo tudo o que estudei do zen (ainda não me converti, mas um dia chego lá), o zen é deixar mente e corações abertos para o novo, é esvaziar-se. E ai está o segredo: o homem ocidental adora colecionar tudo…
“Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.
Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.
Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.
Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes.
Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração.
Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.
Não creiais em algo simplesmente porque está escrito em livros sagrados; não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou.
Não creiais em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos.
Mas após contemplação e reflexão, quando vós percebeis que algo é conforme ao que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a base de sua vida.”
Gautama Buddha – Kalama Sutra

sábado, 25 de março de 2017

sobre mantras

Pesquisando num site, achei isso aqui
Podemos entender que no “sem começo” a energia cósmica encontrava-se em repouso e equilíbrio, o nada era então o estado não manifesto, a temporal. Então, no akâsha, no “éter dinâmico”, explodiu a vibração de origem. “No princípio era…”: O verbo, para São João; o big-bang para os físicos; o damaru, o tambor de Shiva, pra o tântrico. E ao momento que engendrou o espaço-tempo valoroso à Einstein, o verbo, o som original – cujo eco vibrará no universo até a dissolução final, o mahapralâya – se diversificará num infinito derramar de seres e formas, pois, como a matéria é energia e vice-versa, tudo, universo ou grão de areia, é um campo de forças em perpétuo estado vibratório.
Os mantras são sons sagrados que ajudam a entrar em estado de meditação. Dotados de grande força energética, eles também nos ajudam a realizar nossos desejos. Para que funcionem bem, convém praticá-los com regularidade, desde que estejamos dignos e aptos para isto – diariamente, ou pelo menos em dias alternados. Um mantra deve ser repetido 8 ou 108 vezes, porém à casos em que um mantra repetido por inúmeras vezes, ou acima de sete vezes, perde seu poder e em outros casos só devem ser utilizados em perigo eminente, pois não devemos utilizar o nome de Deus em vão. A pronúncia correta é muito importante para que ele se mostre eficaz, pois os mantras estão em idioma sânscrito, a língua sagrada dos hindus. Assim, onde aparece a letra h, repita como se fosse rr. Salvo alguns casos em que representa j exalada.
Bom, vamos ao que eu penso disso…
Vejo uma clara correlação entre os sons e a planificação divina.
São sete notas musicais, sete planos de evolução, além disso temos as sete virtudes e os sete vicios ou pecados capitais.
Saimos do dó, grave, no começo da escala, para o si, agudo, no fim da escada.
Esses sete sons nunca se repetem e desde que o homem é homem musicas diferenciadas vão sendo compostas.
Do mesmo modo das sete virtudes e de suas sete contrapartidas, e dos sete planos de evolução surgem diferentes criaturas. Uma pode até parecer com a outra, mas cada ser é único.
Uma música, um som, ou até mesmo palavras que pronunciamos são criaturas, seres… Em outro estado vibratório, claro, feito de outra matéria.
Esses sons sagrados, de tão pronunciados, acabam tomando forma e criam escudos de proteção – penso eu – que nos permite adentrar planos mais sutis de consciência…
Musica, seja musica ou seja mantra, é algo divino.
Claro… Onde tem ser humano presente nem sempre tem boas influencias, infelizmente.
No mundo ocidental, e mesmo no mundo oriental, interesses comerciais acabam moldando e ditando os “gostos” musicais e pior: os modismos…
Bom, reconheço que o artista precisa vender disco e fazer show para ganhar dinheiro, mas, essa equação tem sido injusta muitas vezes e acaba privilegiano coisinhas a toa em vez de dar valor a quem realmente merece.
Enquanto isso, o aspecto mais sagrado da musica fica esquecido. Ninguem pára realmente para meditar sobre o significado de sete notas terem poder de se multiplicar em combinações
que nunca são repetidas…

Fatima Dannemann

sexta-feira, 24 de março de 2017

O Acre existe. E o Rio de Janeiro também.


            Você conhece alguém do Acre? Você já viu alguma foto do Acre? O Acre existe ou é uma lenda criada pelos extra-terrestres? Antes que alguém possa rir, aviso, isso é serio e ocupa várias páginas da busca do Orkut. Várias comunidades foram criadas apenas para discutir se o estado mais a oeste do Brasil existe de verdade ou “é uma obra de ficção”. O Acre existe, claro. É tão real quanto o Rio de Janeiro, apenas não aparece na mídia. Assim como não aparecem Rondônia, Roraima, Amapá, e mesmo os mais “chiques” Mato Grosso, Amazonas e Pará. Mas destes três, ninguém duvida. Pipocam comunidades para discutir existência de um Brasil pouco visto, pouco conhecido, pouco mostrado e visitado embora, quem se digna a pesquisar fotos e sites descobre lugares interessantes, sítios históricos e vários endereços que, se o Brasil fosse outro Brasil, seriam um must entre os turistas que têm cultura e dinheiro.
            Distantes dos grandes centros, desprezados pela mídia, esquecidos pelas agencias de turismo (até porque são estados carentes de infra-estrutura e de investimentos na área de turismo e hotelaria), os ex-territórios promovidos a estado sequer são nomes de rua em cidades como Salvador onde Acre e Amapá continuam sendo chamados de “território” e Rondônia e Roraima ainda são Guaporé e Rio Branco. A culpa, dizem, é da mídia, especialmente da televisão, que só mostra o norte do país  quando há crimes como a morte de Chico Mendes, escândalos políticos, como o que envolve os deputados de Rondônia, ou conflitos indígenas, enquanto as novelas insistem em mostrar cidades violentas como o Rio
como verdadeiros paraísos onde ninguém nem trabalha e só vivem na praia pegando onda. Não é assim não, violão.
            A culpa é da mídia e é também da própria sociedade que adora estereótipos. Para muita gente, baiano come acarajé o dia inteiro e toma banho com água de coco, qualquer nordestino tem cabeça chata e os gaúchos são homossexuais somente porque o modelo da calça de seus trajes típicos é um bocado estranho. No caso do Acre, o mais grave é que professores de geografia são os primeiros a fazer piadinhas sobre a não existência do estado. Tudo bem que ninguém nunca ouviu a locutora do aeroporto dizendo: “passageiros com destino a Rio Branco, embarque imediato no portão tal”. Mas, sabe-se lá quantas conexões são necessárias até sair do todo poderoso – e de certo modo racista Sudeste-  até os confins do Norte do Brasil? Apesar disso, moradores de Rondônia (tão longe quanto o Acre, mas atualmente mais famoso por motivos pouco elogiosos – a questão dos deputados) já chegaram a Bahia e de carro.
            As comunidades podem ser engraçadas, ter tiradas de humor, mas revelam algo muito triste alem do descaso para com o norte do Brasil e o esquecimento da mídia: a ignorância dos estudantes brasileiros. Muitos não se abalam em aproveitar o “gancho” para pesquisar ou mesmo procurar fotos e conhecer esses lugares (incluindo Roraima, Amapá e Rondônia) um pouco mais. Preferem todos ficar na gaiatice embora os moradores, nativos e simpatizantes do Acre, Rondônia, etc, tenham criado comunidades pra falar de seus estados e cidade.
            Enquanto a discussão persiste no Orkut, algumas comunidades dizem que “Acre is a lie” outras dizem que “O Acre existe, ora” logo no titulo, há quem aproveite para fazer gracinhas e digam que bem que a globo podia fazer uma novela em que a mocinha iria migrar para o Acre em busca de uma melhor qualidade de vida com mais verde e mais ar puro em vez da poluída e conturbada Miami. Talvez assim, América fizesse mais sucesso. Aliás, falando em América, advinhem para onde o pai de Tião se muda nos primeiros capítulos da novela? Será que foi por isso que o diamante que ele achou na Mina nunca chegou a sua família?

quinta-feira, 23 de março de 2017

Besteirol…

Tava almoçando e pensando umas coisas, vejam só.
A gente liga para alguem. Mas esse alguem não está. A pessoa que atende, geralmente secretárias, respondem:
– Dr Fulano não se encontra
Dá vontade de responder: “Tadinho, ele está perdido, sem eira nem beira, não se encontra? Chamou o psiquiatra?”
Outra, a gente ouve no telefone “você me retorna a ligação…”
pensei numa cena bizarra. O cara desliga o telefone. passa um tempo toca a campainha… dlin, dlooooooon
aparece um panaca com um telefone na mão: “olha aqui a ligação que você pediu para retornar, mas eu acho que roubaram o fio no ônibus”
Ligamos para o suporte do Velox ou para outro setor de reclamações de qualquer outra empresa:
– deseja alguma reclamação?
(essa eu falei): “não, liguei para perguntar como vai sua mãe”…
numa loja tipo a Zara (metida a besta, cara mas com mais pose e fama do que merece), com produtos na mão, indo para o caixa:
– você deseja comprar alguma coisa?
(me perguntaram mesmo… deixei sem resposta)…
outra: dá para fechar a porta por causa do cachorro
a empregada do primeiro andar: ele não morde não
de novo: dá para fechar a porta por causa do cachorro
a empregada: ele não morde não
na terceira: anta, eu não perguntei se ele morde…
ela: ce quer que feche a porta, é?
(aconteceu mesmo, no primeiro andar onde tem um poodle insuportável e que morde mesmo)
– tem shampoo pra cabelo bonito?
– não, mas tem pra ponta ressecada
– eu quero um shampoo para cabelo bonito, normal, que não precise nada?
– ah, pra frizz? ou para chapinha?
– anta, eu por acaso dou chapinha no cabelo?
– ah, seu cabelo é bom assim mesmo, é? (de novo, aconteceu mesmo, no Shopping Salvador, quando acaba – culpa das peruas que vivem fazendo escova progressiva. quem não faz nada, como eu, sofre: ninguem acredita)

quem quiser enriquecer a lista,
esteja a vontade

domingo, 5 de março de 2017

celta e um tanto etilico



the tall towers where falcons build their nest…
ouvi essa frase numa canção irlandesa… aliás, tenho ela aqui em CD e em mp3. Vira e mexe ouço de novo… Me vejo nos pubs em Dublin, Killarney, Adare, Limmerick e eu sei lá mais onde andei… Só sei que voltei mas um pedaço de mim ficou na Irlanda. Ah, o país nem tem nada demais, é pequeno, falta tudo… Não é como a Holanda que tem aquele cross over entre modernidade-tradição, artesanato-tecnologia que impressiona e emociona. Mas tem algo como a Holanda, sim. Acho que é a alegria. A Irlanda é mágica. Com duendinhos nas lojas de brinquedo, trevos nas joalheirias e uma harpa nas moedas.
(alem de ser a terra de minha amada cerveja Guiness, of course)

sábado, 4 de março de 2017

vai e vem



odos os dias é um vai e vem
a vida se repete na estação
tem gente que chega pra ficar
tem gente que vai pra nunca mais…
– as vezes me sinto assim, numa confusa estação de metro. cercada por caras estranhas, vultos sinistros, rostos ameaçadores. Como um texto de terror… E ali num canto uma bruxa me espreita com um punhal. Traiçoeira, me apunhala pelas costas. Mas, não sei porque, eu sobrevivo.
Talvez seja porque os maus são duros na queda e eu nunca falei que era boazinha…